Nossa História

Nossa História

A Rádio Mantiqueira é a primeira emissora de rádio do Estado de São Paulo e a sexta do Brasil. A termo de comparação, a Rádio Mantiqueira é mais antiga que a Rádio Nacional (hoje Rádio Globo, do Rio de Janeiro), que foi um marco na história do rádio brasileiro.

A vasta história da Rádio Mantiqueira, fundada por Guilherme Turner, começa em 1934, quando Cruzeiro tinha apenas 33 anos de emancipação político-administrativa e ainda era impulsionada pelos ferroviários.

 

Uma História que atravessa gerações.

Guilherme Turner

Fundador

Romualdo Canevari

Proprietário

Olivio Nicole

proprietário

Lamartine Antônio Fiorentine Junior

Ex-presidente

Tarcísio Batista Teixeira

Ex-presidente

Nilcélio Moreira

Ex-presidente

Antônio Carlos Gonçalves de Carvalho

Ex-presidente

Orlando Freire de Farias

Ex-presidente

Anairton de Souza Pereira

Ex-presidente

Nelson Biondi

Ex-presidente

Luiz Fernando Moreira Miguel

Ex-presidente

Jorge Luiz Conde

Ex-presidente

A história da Rádio Mantiqueira começou quando a cidade de Cruzeiro, ainda impulsionada pelos ferroviários, tinha apenas 33 anos de emancipação político-administrativa mas já era conhecida pelo o progresso e espírito empreendedor de seus primeiros habitantes. O empresário Guilherme Turner possibilitou a instalação da primeira emissora de rádio do Estado de São Paulo e a sexta do Brasil: a PRG-6, carinhosamente batizada de “rádio perereca”, em função de suas precárias condições técnicas. Em caráter experimental, a PRG-6 iniciou suas atividades no dia 14 de junho de 1934, coincidentemente no dia em que as autoridades inauguraram o monumento em homenagem ao cinqüentenário da Rede Sul Mineira, na Rua Eng.º Antônio Penido, centro. 

Os primeiros e inesquecíveis passos da PRG-6 foram acompanhados atentamente pelos colaboradores de Guilherme Turner: Olívio Nicoli e Vitor Barelli. Naquela época, em que o rádio ainda era uma novidade no continente, Nicoli e Barelli atuavam como técnicos ou operadores de áudio. Faziam das “tripas coração” para que a programação – eminentemente musical – chegasse aos raros receptores existentes no município. 

O raio de ação da emissora era limitadíssimo e poucos tiveram a oportunidade de acompanhar as primeiras transmissões. O empresário Guilherme Turner, na época proprietário da Casa Turner, contou com o apoio do Dr. Melitão José de Castro Souza para concretizar seu sonho. O então diretor da Rede Sul Mineira fez a doação e possibilitou a construção da primeira torre de transmissão de sinais. O modesto prédio da PRG-6 ficava quase na esquina das ruas Dom Bosco (Rua 9) e Major Hermógenes, perto da Santa Casa de Misericórdia de Cruzeiro. Ali, numa pequena sala, aconteceram as primeiras e históricas transmissões que, bem mais tarde, dariam origem à Rádio Sociedade Mantiqueira. O escritor e poeta Vasco de Castro Lima, natural de Lavrinhas foi o primeiro locutor da emissora. O escritor considerou “atos de bravura e pioneirismo” a ação do empresário Guilherme Turner e dos auxiliares Olívio Nicoli e Valter Barelli, em abrir uma rádio na cidade. Ainda levariam algumas décadas para que outras emissoras se efetivassem no Vale do Paraíba. Fizeram parte da história da PRG-6 os cantores de Cruzeiro e de outras cidades que, freqüentemente, visitavam a região e participam dos programas de auditório – muito comuns nos grandes centros urbanos. Os programas, na maioria das vezes improvisados, contavam com a participação de Vicentina Zamponi, Catarino, Euzébio Lico, Aldinha, Sebastião Pinto, Guilherme Fernandes, Bechara Boueri, Alayde Pinheiro, Ariovaldo Reis, Choca, Pompeu Lorenzo, Laércio Flores, Coca, José Thomaz, Lazinho, José Campos, entre outros consagrados cantores, músicos e locutores – cujas vozes se perpetuaram na história da radiofonia. Os familiares dos médicos Mário da Silva Pinto e José Diogo Bastos (grandes políticos que deixaram seus nomes na história de Cruzeiro) freqüentavam o estúdio da PRG-6 e também emprestavam seus talentos. O locutor da época, Vasco de Castro Lima, tinha como colegas de microfone João Marcondes de Castro e o professor Abraão Benjamim. 

Os primeiros passos foram acompanhados com certa descrença, até porque ninguém imaginava que a idéia dos Turner, Nicoli e Barelli iria “vingar”. Em 1937, o técnico de áudio, Olívio Nicoli, entusiasmado e até apaixonado pela idéia da radiodifusão, conseguiu convencer seu sogro, o comerciante Romualdo Canevari, a juntar suas economias e comprar o prefixo de Guilherme Turner. Os historiadores acreditam que Turner tinha a emissora mais como um hobby, uma diversão e, talvez por isso, tivesse dedicado pouco tempo e dinheiro para a PRG-6. Mas continua sendo dele, e isso é inquestionável, o mérito da fundação da Rádio Mantiqueira. A consolidação da Rádio Sociedade Mantiqueira como emissora comercial deu-se justamente neste período. Embora faltassem recursos para Nicoli tocar o negócio, ele era infinitamente rico em idéias. Testemunha ocular da história, Vasco de Castro Lima chegou a enfatizar que “Nicoli tinha a intenção de fazer as ondas da RM chegar mais longe, invadir as cidades circunvizinhas”. E para tanto não mediu esforços. A concessão e autorização para o funcionamento legal da Rádio Sociedade Mantiqueira chegou em 24 de agosto de 1936. O comerciante Romualdo Canevari iniciou a construção do prédio da emissora na Rua Albuquerque Lins (atual avenida Deputado Nesralla Rubez), esquina com a Rua Major Hermógenes. Transferida em 1938 para este endereço, a Rádio Sociedade Mantiqueira funcionou por muitos anos e revelou inúmeros talentos. Os programas de auditório eram bastante concorridos e alegres. A potência da emissora foi ampliada graças ao incentivo de Nicoli e Canevari, que buscaram equipamentos mais sofisticados para melhorar os sinais. Um transmissor de 500 watts foi instalado e permitia, na época, que o som vazasse também para a região. Em 1940, Canevari e Nicoli renovaram os investimentos e mudaram a sintonia do canal para 640 kilociclos. Como ainda eram raros os profissionais na área radiofônica e os equipamentos de então ainda eram precários, a Rádio Sociedade Mantiqueira não operava em período integral. Contam os historiadores que havia uma “pausa” para o almoço. A emissora entrava no ar às 9h e seguia tocando músicas até às 13 horas. Depois, retornava às 14h e prosseguia até às 21h. O locutor Bechara Boueri era responsável pelos departamentos artístico e comercial. Naquela época, começaram a colaborar com a emissora o historiador Carlos Borromeu de Andrade, Amaral Matos e Maria Valbene, conhecida como “Duca Ferreira”. Os descendentes de Canevari e Nicoli deram prosseguimento aos trabalhos radiofônicos a partir de 1948, apesar das imensas dificuldades. No período, a Rádio Mantiqueira teve sua potência duplicada de 500 para 1.000 watts. Programas como “Gota de Luz” e “GBT em Marcha” marcaram o final da década de 40. Surgiram nomes importantes como Carlos Coelho, Getúlio Machado, Roberto Guarany, Paulo César, Messias Pereira, Almeida Júnior, Aurora Mota,

Pedro Gussen, Jaime Ribeiro e Pedro Ribeiro. Desafiando as dificuldades técnicas e os poucos equipamentos de que dispunha, a equipe de funcionários da Rádio Mantiqueira tomou uma decisão, em 1950, que a princípio, parecia loucura: transmitir o jogo entre Brasil e Uruguai, direto do Maracanã, no Rio de Janeiro, válido pela final da Copa do Mundo. Os brasileiros perderam o que seria seu primeiro título no futebol mundial, mas em meio ao olhar triste e perplexo de milhares de cariocas, os repórteres Roberto Guarany, Carlos Coelho e Edwaldo Rebello comemoravam o grande feito. Tinham entrado para a história do rádio vale-paraibano como os protagonistas de uma façanha até então praticamente impossível. Os profissionais nem mesmo sabiam se o som estava chegando à Cruzeiro. Naquela época, não havia retorno. O sistema de comunicação ainda tinha muito que evoluir. O esporte e o jornalismo ganharam impulso na década de 50 com a atuação do radialista Getúlio Machado, um dos mais importantes nomes da radiofonia cruzeirense. Foi ele o criador, na Rádio Mantiqueira, dos boletins noticiosos que intercalam a programação. A cobertura dos carnavais em clubes e nas ruas também começou sob a batuta do mestre Getúlio Machado. Mas sua principal atuação no rádio foi mesmo diante das intermináveis e calorosas batalhas políticas. Jornalista por vocação, Getúlio Machado mediou debates entre candidatos como o Dr. José Diogo Bastos e o Dr. Avelino Júnior – ambos figuras de expressão na política local. As transmissões das apurações feitas pela Rádio Mantiqueira eram e ainda são memoráveis… A emissora iniciou a gravação de programas de auditório e limitou-se a fazer animações nos estúdios, no final da década de 50. Os discos lançados na época eram uma tradição na programação da Rádio Mantiqueira. 

Os padres redentoristas deixam suas marcas na história da Rádio Mantiqueira. Em 1960, a Rádio Mantiqueira foi vendida para a Fundação Nossa Senhora Aparecida, responsável pelo aprimoramento da programação e aquisição dos equipamentos que tornaram a emissora ainda mais conhecida no sul de Minas e Vale do Paraíba fluminense. O seu primeiro diretor nesse período foi o padre Rubens Leme Galvão, que determinou uma completa reestruturação na programação e no quadro de funcionários. O padre também foi o responsável pela reforma do prédio da Rua Albuquerque Lins. Contratado pela Fundação, Carlos Marques de Oliveira desenvolveu o projeto de construção de um palco na emissora para a apresentação de programas de auditório. Embora não tivesse grandes dimensões, a sala de espetáculos abrigou grandes nomes da música popular e deixou muita saudade. Os anos 60 e 61 foram considerados os “mais movimentados” nos corredores da Rádio Mantiqueira, em razão das constantes modificações determinadas pela Fundação Nossa Senhora Aparecida, que priorizava programas educativos e religiosos. Marcaram época os programas “Dominguinho”, “Cartas de Amor”, “Música na Intimidade” e “Museu do Disco”. Artista nato, Luiz Carlos Bruno Pinheiro foi nomeado pela Fundação gerente da Rádio Mantiqueira – cargo que ocupou de 1962 a 1969. Compositor, músico, pintor, jornalista, radialista e seresteiro Luiz Pinheiro foi o pioneiro nas transmissões da sessão da Câmara Municipal. O programa, criado e editado por ele, chamava-se “A Voz da Edilidade” e ganhou uma versão moderna, nos dias atuais. Luiz Pinheiro valeu-se da experiência e do grande conhecimento que desfrutava junto à comunidade, para conquistar uma vaga na Câmara de Vereadores. Inúmeras foram as campanhas filantrópicas lideradas pela Rádio Mantiqueira

como a “Flagelados da Guanabara”, realizada em 1965. Esportista, Luiz Pinheiro também deu grande apoio ao Campeonato Amador de Futebol, quando despontou nos microfones o jovem Hamilton Prado Galhano que, mais tarde, se tornaria um dos grandes nomes da radiofonia paulista. Satisfeitos com o desempenho de Luiz Pinheiro, os padres redentoristas o levaram para Aparecida, em 63, para trabalhar na principal emissora da Fundação. Para o seu lugar, foi indicado o radialista Alves da Silva, outro profissional de visão que empreendeu grandes esforços na modernização da emissora. Para Alves da Silva, lidar com o acervo da Rádio Mantiqueira nunca foi problema em função de seu amplo conhecimento e participação na história da radiofonia. Luiz Pinheiro, que deixou a gerência da emissora, pela segunda vez, em 69, organizou um grande debate político entre os candidatos Avelino Júnior e Nesralla Rubez. 

Os receptores de Cruzeiro e região ecoavam numa só sintonia: Rádio Mantiqueira. Durante o debate, em 1966, a emissora registrou um dos maiores picos de audiência de toda sua história. Com a saída de Luiz Pinheiro, o radialista Nelson Baracho, de Guaratinguetá, assumiu a gerência da Rádio Mantiqueira. Ele investiu em programas que revelaram talentos, com os inesquecíveis “shows de calouros”. O corpo de jurados era formado por personalidades de Cruzeiro. A passagem de Baracho por Cruzeiro (cerca de 2 anos) limitou-se aos programas de estúdio. Em 1973, ele acabou substituído por Adelino Carneiro da Silva, que não criou nenhum fato novo na emissora. José Victor Dutra, na opinião de alguns radialistas da época, foi o gerente que mais investiu na emissora. Foi o responsável pela “metamorfose” na área administrativa. Com o terreno que havia sido comprado na gestão de Luiz Pinheiro, Dutra providenciou a instalação do novo transmissor. Organizou, pessoalmente, o cadastramento dos volumes existentes na discoteca, reestruturou os setores técnico, de áudio, de gravação e, por fim, pintou o prédio da Rádio Mantiqueira. Dutra também fez a instalação da nova torre da RM, o que permitiu melhor qualidade de som. 

Em 1980, enquanto planejava a programação do AM, recebeu “carta branca” das mãos dos padres redentoristas para providenciar a instalação do sistema FM (Freqüência Modulada). A concessão autorizada pelo Ministério das Comunicações era a última etapa a ser vencida. Márcio Martins e Alberto Cotrim foram revelações surgidas na época em que Dutra gerenciou a Rádio Mantiqueira. O primeiro chegou a trabalhar na TV Educativa do Rio de Janeiro e o segundo mudou-se para Taubaté, onde formou-se advogado. Paulo Antônio de Carvalho, então estudante de eletrônica, obteve a oportunidade que tanto esperava para trabalhar no rádio e revelou-se bom jornalista. A Fundação Nossa Senhora Aparecida instalou um transmissor de 5.000 quilowatts no sistema AM e transferiu suas torres para um terreno adquirido na Estrada Cruzeiro/Pinheiros. Os transmissores, antigamente, situavam-se próximo ao Campo do Gama, na Vila Regina Célia. Neste mesmo período, o gerente Dutra fez a mudança do prédio da RM para o Edifício Premiada, na Avenida Nesralla Rubez, n.º 353, centro. Com a venda da Rádio Mantiqueira para a Prefeitura Municipal de Cruzeiro, em 1984, foi criado o Departamento de Radiodifusão do Município de Cruzeiro (DRMC). Dutra ainda ficou algum tempo na gerência da Rádio Mantiqueira, a pedido do DRMC e depois retornou à Aparecida – sua terra natal. 

O gerente da emissora, após ele, foi Francisco Onofre de Paula Freitas, músico de grandes idéias e de uma habilidade incrível para criar programas como os marcantes “Coração de Estudante”. Na ocasião, surgiram nomes importantes da radiodifusão atual como Beto Willians, Bisqüi, Luiz Eduardo, José Edson, Paulo César, Raul Pimpim, Wilson Donizeti, Carlos Augusto, Luiz Fernando, entre outros. Foi permitida, pela primeira vez, a locução ao vivo no sistema FM e os programas, a partir de então, ganharam mais dinamismo e interatividade. Chico Onofre ficou na gerência da Rádio Mantiqueira apenas quatro meses (01/03 a 15/07/85), mas tempo suficiente para marcar sua gestão com inovações. Pouco tempo depois de afastar-se da emissora, por motivos particulares, morreu tragicamente num acidente na estrada Cruzeiro/sul de Minas. 

Com a instituição da Fundação Cruzeirense de Jornalismo e Radiodifusão, a partir de maio de 85, o então presidente Dr. Lamartine Antônio Fiorentini Júnior, indicou o radialista Ariovaldo Costa, que ocupava a chefia de jornalismo, para assumir a gerência. Ariovaldo Costa foi substituído por Carlos Ricardo da Silva Reimer, ex – diretor municipal de Esportes e Turismo (Detur), que provocou uma série de modificações nas estruturas administrativa e técnica da Rádio Mantiqueira. Carlos Reimer foi responsável pela informatização da emissora e pela ampliação do leque de anunciantes. Criou programas e ditou normas internas que ajudaram a emissora a manter a liderança de audiência no Vale do Paraíba. A Rádio Mantiqueira, em seu período, participou ativamente de todos os eventos sociais de Cruzeiro e região, apoiando campanhas assistenciais e transmitindo os principais acontecimentos políticos e históricos. Carlos Reimer também fez a afiliação da emissora ao Sistema Globo de Rádio e instalou o sistema de captação de notícias via satélite, no Departamento de Jornalismo. Carlos Reimer morreu tragicamente em um acidente de automóvel na noite do dia 27/03/96, quando retornava de uma viagem de negócios à São Paulo. No dia seguinte, o presidente da Fundação, Dr. Orlando Freire de Faria, efetivou Lamartine Antônio Fiorentini Júnior, então diretor comercial/financeiro, como gerente geral da emissora. Na sala do Conselho está exposta a Galeria de Honra dos Ex-Presidentes da Fundação Cruzeirense de Jornalismo e Radiodifusão – Rádio Mantiqueira. Junto com os quadros dos ex-presidentes encontram-se também os retratos dos fundadores e iniciadores da então Rádio Sociedade Mantiqueira: Guilherme Turner, Romualdo Canevari e Olívio Nicoli.

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