O Talibã

A PAUTA

Olá, semanalmente temos um encontro as quartas para falarmos sobre “A Pauta” do momento, aqui em nossa coluna. Fique à vontade para interagir comigo nos comentários. Aliás, olha minha educação, nem me apresentei. Prazer, Isabele Campos, jornalista, também conhecida como a Garota do Tempo aqui da Mant. Vai ser um prazer estar com você.

A Pauta do momento nem sempre é aquela que gostaríamos. Por mim as notícias boas seriam sempre maioria, mas faz parte do nosso papel falar de todas as realidades. Assim sendo, começo essa coluna com uma pauta que jamais gostaria que existisse: O Talibã.

Era um domingo tranquilo, quando a primeira manchete apareceu para mim. Tinha a ver com medo. Fiz questão de ler mais do que o título. Em cada palavra lida um sentimento estranho tomou conta, acredito não só de mim, mas do mundo. Aliás, as notícias de grande impacto nem sempre nos batem de primeira, muitas das vezes a gente só toma consciência depois da dimensão. Mas naquele momento eu senti um soco, porém não sabia que seria nocauteada.

Cada dia as imagens nos chocam mais e eu não sei classificar qual a mais triste. Pessoas caindo do avião, mulheres só com os olhos visíveis, crianças sendo entregues pelas mães para soldados em busca de esperança. Nove letras de uma palavra que faz a diferença. Mas não é dessa sentença que quero dizer. Quero falar da realidade.

Em um mundo de “bolhas”, somos brutalmente jogados para fora de nosso mundinho quando a realidade de outros nos bate dessa maneira tão forte. Onde o mundo estava no sábado daquele final de semana em que a realidade do Afeganistão mudou? Onde estamos antes que tragedias anunciadas como a de Brumadinho aconteçam?

A gente chora com a manchete triste, mas muitas das vezes é só isso. A realidade de antes não importava, da mesma maneira que esquecemos do que vem depois. Como se vive em Brumadinho hoje, você sabe? Será que amanhã saberemos por onde andam as mulheres, crianças e pessoas boas do Afeganistão?

Não deixem a manchete morrer…Lembre-se, só vira pauta o que o público vai querer saber. Do que você anda querendo saber?