Nerd Show

Tick, Tick… BOOM

Este filme é para você que não gosta de musicais, porque tenho certeza de que vai gostar deste! 

Por Gonzaga Júnior.


Distribuição Netflix, 2021.

O novo filme musical da Netflix conta a história de Jonathan Larson, um famoso compositor da Broadway, mas vamos ser sinceros… a maioria das pessoas nem sabe quem ele foi e, narrativamente falando, acho até melhor, então vamos falar do filme que acabou de render a Andrew Garfield um Globo de Ouro e eu não estaria sendo gentil em dizer que um Oscar também seria merecido.  

Então vamos começar pela atuação que já foi citada, é impecável… Perfeita eu diria, a entrega do papel de Jonathan por Andrew é extremamente realista e convincente, ele transmite da forma certa todas as emoções que são necessárias ao público brilhantemente; você se emociona, ri, fica preocupado e ansioso junto com o personagem, Andrew estava tão entregue ao papel que você acredita que cada emoção ali é verdadeira e que ele está passando por tudo aquilo, ao fim do filme quando mostradas algumas cena do Jonathan real é possível ver o quão entregue o ator estava ao papel, conseguindo replicar as cenas com maestria. Alinhada com uma edição também impecável, o filme consegue nos fazer sentir cada centésimo de emoção que deseja entregar, e não só pela entrega das emoções como a magnífica e surpreendente voz de Andrew faz com que o ator mereça, no mínimo, uma indicação ao Oscar.  

Não é só Andrew que merece aplausos pela atuação, todo o elenco do filme traz consigo uma realidade nas emoções e nas vozes que nos colocam bem dentro da vida das personagens. Um detalhe interessante que a atriz de Karessa, Vanessa Hudgens, participou de um musical de Jonathan, o “Rent: Live”, uma versão especial daquele que foi um de seus maiores sucessos, logo a emoção de algumas cenas se tornam ainda mais intensas pois carrega consigo uma responsabilidade em eternizar o trabalho de Larson. A forma com que as histórias das personagens é trabalhada, leva a dar mais profundidade ao roteiro de maneira sutil, combinando as tramas e trazendo músicas para expressar as emoções, é espetacular e de um jeito sutil traz algumas discussões sobre temas como AIDS ou o modo de se aproveitar a vida, por exemplo.  

Falando em aproveitar a vida, esse é um dos principais pontos narrativos do filme e inclusive essa preocupação é representada em seu nome. Tick, Tick… Boom são onomatopeias usadas por Jonathan para representar o tilintar do tempo em sua cabeça que o perturbam durante toda sua estadia no filme e anunciam que logo mais ele fará 30 anos e está longe do sucesso, logo, durante o filme essa crise de identidade é trabalhada de várias formas para representar a tensão e ansiedade vividos por ele. Além disso, ele também enfrenta um bloqueio criativo que o impede de terminar seu sonhado musical ao qual vem escrevendo ao longo de 8 anos.  

No sentido emocional, uma ferramenta que o filme faz muito bom uso é a edição, que somada as músicas incríveis, atuações perfeitas e roteiro muito bem produzido, criam uma obra de arte do audiovisual. Ela usa de diversos artifícios para transmitir a nós as emoções, causando angústia, ansiedade, felicidade, emoção e tristeza e fica nítido a um olhar mais atento às diferenças entre cada cena. Por exemplo, em momentos de ansiedade os cortes são rápidos, secos e contínuos, a câmera se mexe e as cores são trabalhadas de forma diferente da cena anterior para dar a quem está assistindo a mesma sensação do personagem. Todos esses detalhes fazem extrema diferença na percepção do filme como um todo, levando a experiência a um patamar acima do comum.  

Mesmo não sendo fã de musicais, confesso que me emocionei e aproveitei cada momento do filme, ele me fez refletir sobre muitas coisas e, confesso, derramei algumas lágrimas ao final. Se você aqui não é fã do gênero, recomendo que dê uma chance a essa obra prima, pois tenho certeza de que vai gostar.   

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